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ECOAR com Cristiane Costa

O Ecoar Conhecimento entrevistou a professora da ECO, Cristiane Costa. Cristiane possui graduação em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (1985), mestrado (1998) e doutorado em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2004), com pós-doutorado pelo Programa Avançado de Cultura Contemporânea (Pacc-UFRJ). Atualmente, é professora do curso de Jornalismo da ECO-UFRJ e editora do site Zona Digital. É autora de Pena de aluguel: escritores jornalistas no Brasil (Companhia das Letras), pesquisa premiada com a Bolsa Vitae de Literatura, de Eu compro essa mulher: romance e consumo nas novelas brasileiras e mexicanas (Jorge Zahar Editor), China made in Brazil (Babilônia Editorial) e Sujeito Oculto (Aeroplano), premiado com a Bolsa Petrobras de Produção Literária.

Conte-nos um pouco sobre a sua experiência profissional.

Antes de dar aula na ECO, fui professora de jornalismo na UniverCidade, Estácio e Uerj.  Mas a maior parte da minha vida profissional passei mesmo foi nas redações: na sucursal da Veja e no Jornal do Brasil, onde trabalhei em praticamente todas as editorias, de Cidade à Internacional, durante 20 anos. No jornalismo digital, também trabalhei como editora do Portal Literal e da revista eletrônica do Overmundo.

Antes de vir para a ECO, fui ainda editora de não-ficção da Nova Fronteira e de projetos especiais do Grupo Ediouro. De certa forma, já atuei em todas as pontas do mercado editorial. Como jornalista e crítica literária (fui editora do Caderno Ideias, suplemento literário do Jornal do Brasil, e do Portal Literal). Além de jurada dos prêmios Jabuti, Oceanos e SESC. E ainda como autora, com vários livros publicados, entre eles Pena de aluguel: escritores jornalistas no Brasil (Bolsa Vitae de Literatura) e Sujeito Oculto (Bolsa Petrobras de Produção Literária). Dou aula não só na ECO como nas oficinas de narrativas curtas da Flup, Festa Literária das Periferias.

 Quais são seus principais Livros publicados?

Pena de aluguel: escritores jornalistas no Brasil

“Recebi a bolsa vitae para produzir a pesquisa que resultou na minha tese de doutorado e em um livro publicado pela Companhia das Letras que acabou se tornando uma referência no assunto: a diferença entre produzir ficção e não ficção. A grande questão é: trabalhar em jornal atrapalha ou não quem quer ser escritor. Para respondê-la, convoco autores que trabalharam nos dois formatos, de Machado de Assis a Bernardo de Carvalho.

Cartas de amor para estranhos

Não é propriamente um livro, porque na época eu queria escrever um livro que não pudesse ser publicado, no sentido de não poder ser impresso. Foi uma pesquisa, que fiz com um grupo de 20 alunos do Jornal Laboratório, para meu projeto sobre novas estratégias narrativas para as mídias digitais, no pós-doutorado do Pacc-UFRJ, Programa Avançado de Cultura Contemporânea. Nós nos infiltramos em sites de paquera e nossos diários de campo foram publicados de forma colaborativa.

Sujeito Oculto

Ganhei a Bolsa Petrobras de Produção Literária para escrever este livro, que embaralha as noções de romance, ensaio e plágio, discutindo questões como originalidade e apropriação a partir de uma narrativa que corta e cola trechos de outros livros.

Matéria do Jornal O Globo

Making of descrito num capítulo do livro

Eu vejo teus erros

Atualmente, estou trabalhando em outro romance híbrido de ficção e não ficção. A partir de um exemplar único na história da literatura mundial, com as anotações do homem que matou o autor, releio Os sertões, de Euclides da Cunha, a partir da marginália deixada por Dilermando de Assis. Um trecho do livro já foi publicado na revista Brasiliana do King’s College.

Todos os meus trabalhos mais recentes, com exceção de Eu compro essa mulher: romance e consumo nas telenovelas brasileiras e mexicanas (Zahar), originalmente minha dissertação de mestrado na ECO, que está esgotado e infelizmente não tenho o pdf, podem ser acessados gratuitamente no link: https://ufrj.academia.edu/CristianeCosta

Como foi a aproximação com a ONG Words Heal the World e a criação do projeto de extensão Palavras Curam o Mundo?

O projeto foi criado pela Beatriz Buarque, ex-aluna da ECO, ex-produtora da TV Globo e atualmente cursando o doutorado em Londres. Ela criou uma rede de universidades de todo mundo para combater o discurso de ódio e discutir suas estratégias de propagação. Os alunos da UFRJ que participam do projeto aprendem a montar campanhas na rede, produzir vídeos e reportagens, e se engajar numa causa maior.

Você tem uma extensa experiência de trabalho em periódicos. O que você diria para o jornalista iniciante que deseja seguir esse caminho hoje?

O que eu sempre digo para os meus alunos: minha geração foi treinada para ser funcionária. Antes da internet, o jornalismo era uma indústria e estava nas mãos de industriais. Hoje vivemos o jornalismo pós-industrial, o aluno tem a possibilidade de inovar, de criar, ser dono do próprio nariz. O jornalismo está sendo reinventado. É também muito mais complexo do que quando o repórter se preocupava apenas em apurar e escrever. Por isso é preciso se engajar em novos projetos, farejar novos nichos, dominar várias ferramentas. E, o mais difícil, aprender o que é notícia.